Dormir pouco pode ser o culpado por fazer você engordar
Pessoas que dormem menos horas do que o recomendado são mais propensas a ganhar peso, segundo estudo
Você é do tipo que dorme pouco? Pois saiba que ter menos horas de sono a cada noite aumenta suas probabilidades de ganhar peso, segundo um estudo publicado na PLOS ONE. O estudo também mostrou que não há relação entre pouco sono (sono ruim) e uma dieta menos saudável. Ou seja, deixar de dormir as horas necessárias pode aumentar as chances de você engordar, mesmo que não esteja ligada a uma dieta com mais açúcar e gordura, como relatou Amanda MacMillan em reportagem publicada na Health.
O estudo reuniu informações sobre padrões de sono e alimentação de 1615 adultos no Reino Unido. Os pesquisadores retiraram amostras de sangue e conferiram peso, circunferência da cintura, além dos níveis de pressão sanguínea, colesterol, açúcar no sangue e funcionamento da tireoide dos voluntários. O objetivo era descobrir quantas horas de sono eles voluntários tinham por noite e como isso afetava sua saúde.
Durante o estudo, os pesquisadores perceberam que pessoas que dormiam 5,9 horas por noite tinham uma circunferência de cintura de 94,99 cm e IMC (Índice de Massa Corporal) de 28.6 (o que é considerado alto, com recomendação para perder peso), enquanto as pessoas que dormiram em média 8,4 horas por noite tinham uma circunferência da cintura de 90,93 cm e IMC de 27.1 (ainda alto, mas próximo do controle).
Após fazer os ajustes – considerando idade, sexo, etnia, situação socioeconômica e se a pessoa era ou não fumante – cada hora extra de sono era associada com uma redução de 7,62 mm na circunferência da cintura e quase meio ponto a menos no IMC.
A pesquisa
Os pesquisadores associaram pouco sono com níveis mais baixos do bom colesterol (HDL) – considerado por médicos como proteção contra doenças cardiovasculares (embora pesquisas recentes estejam discutindo isso). Baixos níveis desse colesterol são considerados como fator de risco para problemas cardíacos, especialmente entre os mais jovens.
A relação entre a duração do sono e outros problemas de saúde, porém, não ficou tão clara. Embora as informações coletadas durante a pesquisa tenham sugerido que dormir poucas horas estava relacionado a níveis mais altos de açúcar no sangue, inflamações e função baixa da tireoide, em termos estatísticos os números ainda não foram significativos para comprovar de vez a ligação.
O estudo também não encontrou uma relação significativa entre duração do sono e qualidade da alimentação, o que surpreendeu os pesquisadores. Outras pesquisas haviam sugerido que pouco sono pode levar as pessoas a sentir mais vontade de comer alimentos ricos em gordura e açúcar – e que poderia reduzir a força de vontade, tornando mais difícil manter uma dieta de saladas e carnes magras. Em 2016, um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition apontou que pessoas que dormiam menos do que cinco horas e meia por noite consumiam em média 385 calorias por dia a mais do que aquelas que dormiam sete horas ou mais. Só faltou mesmo bater o martelo em relação a pouco sono e dieta mais pobre.
Ainda assim, considerando que a alimentação não é um fator significativo no aumento de peso, então o vilão é outro. Mesmo que os pesquisadores ainda não tenham certeza absoluta, eles suspeitam que as pessoas que dormem menos horas do que o necessário talvez tenham um metabolismo mais lento. “Alguns estudos anteriores apontaram que se você reduz as horas de sono, as pessoas queimam menos calorias durante esse repouso”, indicou o pesquisador Greg Potter, da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Mas sem levar em conta esse possível elo entre pouco sono e aumento de peso, Potter diz que o estudo apoia a ideia de que dormir entre sete e nove horas por noite – a quantidade recomenda pela Fundação Nacional do Sono nos EUA – não é bom apenas para a saúde em geral, mas também para gerenciar melhor o seu peso. “Nossas conclusões sugerem que pessoas que dormem em média sete a nove horas têm uma probabilidade menor de engordarem do que aquelas que dormem menos”, ele diz.
Exatamente quanto sono uma pessoa necessita pode variar, de acordo com o pesquisador. Ele recomenda que as pessoas encontrem um padrão de sono que lhes permita acordar naturalmente pela manhã. “Se você sempre precisa do despertador para acordar, então é possível que não esteja dormindo tanto quanto precisa para manter sua saúde em dia”, argumenta.
Potter afirma que o estudo levanta uma conexão importante entre o aumento da taxa de obesidade – que mais do que dobrou no mundo entre 1980 e 2014 – e o fato de que mais pessoas admitem que estão dormindo menos do que antes. “A mensagem que nós esperamos passar é que dar prioridade ao sono pode ser importante para minimizar o risco de obesidade e de desenvolver problemas de saúde associados a ela”, diz. “Portanto, manter uma alimentação balanceada e ser fisicamente ativo ajudam muito”.
Fonte: www.epocanegocios.globo.com
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