Dermatite atópica em bebês e crianças: os sinais e o tratamento
Diferente do que algumas pessoas pensam, a doença que atinge os pequenos a partir dos dois meses não é contagiosa
Você começou a perceber que o seu filho está se coçando com frequência, que a pele dele está ressecada, avermelhada e até com casquinhas? Talvez ele tenha dermatite atópica, uma doença inflamatória crônica que acomete crianças a partir dos dois meses de vida e também adultos. “O que muda é a localização das lesões: nos bebês, elas ficam principalmente na região do rosto, bochechas e pescoço. À medida que eles crescem, as feridas se concentram nas dobras das pernas e dos braços”, explica Paula Sanchez, dermatologista de São Paulo.
Atualmente, estima-se que cerca de 10 a 15% da população enfrente o problema em algum momento da vida. As pessoas com asma e rinite estão mais sujeitas a apresentá-lo e, embora não seja hereditário, o componente genético é importante. “Se os pais tiverem, a chance do filho apresentar a dermatite atópica aumenta, por isso é importante investigar se há algum antecedente, mas é claro que fatores ambientais também estão relacionados”, esclarece a médica.
Há, ainda, alguns aspectos que agravam a patologia, como as estações do ano. No frio, a pele costuma ficar mais ressecada, já no calor a transpiração aumenta. Locais com poeira, ácaros, substâncias químicas, como produtos de limpeza, e roupas sintéticas ou de lã são outras coisas que pioram. “O principal tratamento é usar hidratantes (sem cheiro e cor). Também indicamos pomadas de corticoides e imunomoduladores tópicos e orientamos que a criança tome banhos mornos, use sabonetes neutros somente nos locais em que realmente precisa – região genital, mãos, pés, braços – e evite buchas”, orienta a dermatologista.
E apesar da coceira ser um dos principais sintomas da enfermidade, o ideal é que os pequenos resistam à tentação, já que esse hábito também desencadeia o processo inflamatório. Por esse motivo, é recomendado que os baixinhos estejam sempre com as unhas cortadas e os bebês usem luvas. Diferente do que algumas pessoas acreditam, a dermatite não é contagiosa e é fundamental que os pais deixem isso claro – principalmente no ambiente escolar, para evitar que o filho sofra algum tipo de bullying.
“Normalmente, os pequenos que têm a enfermidade acabam ficando mais prostrados, quietinhos e até deprimidos. Eles ficam chateados porque, às vezes, são discriminados por causa das lesões de pele. É importante conversar com os amiguinhos e até contar com grupos de apoio”, informa Paula. A AADA (Associação de Apoio à Dermatite Atópica) apresenta em seu site rodas de conversa que são realizadas em vários estados brasileiros e contam com pacientes que enfrentam o problema – entre eles crianças -, familiares e especialistas da área de saúde.
Apesar de não ter cura, a doença tende a regredir com a chegada da puberdade. Há especialistas que relacionam o surgimento da enfermidade com a fase em que a criança para de tomar o leite materno e introduz as comidinhas na sua dieta, mas essa é uma questão controversa. “Tem estudo que mostra que sim e outros que não existe essa associação. Mas ainda há pesquisas que estão sendo feitas e, talvez, no futuro a gente descubra que tem realmente relação”, pontua a dermatologista.
Não há maneiras de evitar a dermatite atópica, mas ela pode ser controlada com medidas relativamente simples. Se a criança tem rinite (ou asma) ou mesmo se os pais apresentam o problema, é importante ficar de olho. “Alguns estudos recentes dizem que hidratar a pele dos bebês é uma maneira de prevenir o problema, principalmente nos que apresentam esse histórico”, afirma a especialista. Procurar um dermatologista assim que os primeiros sintomas forem percebidos e seguir as instruções dadas é o primeiro passo para garantir a saúde do seu filho.
Fonte: https://bebe.abril.com.br
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